sexta-feira, 29 de março de 2013

Sobre ovos e galinhas


Já que estamos perto da páscoa vou escrever sobre ovos. Não os de chocolate, tradicionais desta época, mas os cotidianos ovos de galinha.

Com o aumento do interesse no bem estar dos animais o leque de opções em relações a ovos se abriu, variando de produtos mais baratos oriundos de aviários com gaiolas apertadas, que praticam a debicagem (corte no bico da ave) e utilizam hormônios, até ovos de galinhas criadas livres, recebendo alimentação orgânica, sem hormônios e tendo suas necessidades ambientais respeitadas.

É claro que esse maior cuidado tem seu preço, podendo custar até mais do que o dobro. Mas vale a pena? Bem, essa pergunta eu sempre me fiz. Para começar tento sempre evitar os ovos de aviários restritivos, de grande escala, por pensar no bem estar dos bichos. Costumo comprar ovos de galinhas que são criadas livres, com espaço, mas sem serem orgânicos. Estes são os que tem o melhor custo-benefício por aqui. Porém, em um dia inspirado, resolvi trazer para casa uns ovos lindos. Sim, comprei pela cor da casca: azul pastel. Aí descobri  que além de lindos eles são produzidos seguindo os mais altos padrões de qualidade, tudo orgânico. A empresa Clarence Court, além de ovos de diferentes tipos de galinha, também produz ovos exóticos como faisão, peru e avestruz.



Os meus ovos azuis, de galinhas do tipo cotswold legbar, surpreenderam pela coloração da gema: um laranja super vivo, quase vermelho. Tomei um susto quando abri o ovo quente que preparei! A consistência cremosa da gema também merece ser citada. E, o que achei mais impressionate, é que apesar da gema estar bem mole, quase crua, não senti nem cheiro nem aquele gosto característico de ovo. Simplesmente delicioso! Sobre o preço, me custou 1/3 a mais do que o que costumo comprar. Vale a pena? Vale! Se for para comer um ovo frito, quente ou poché, recomendo. Pra cozinhar ainda uso os que estava acostumada a comprar porque acho que o gosto não fica tão proeminente.



Minha conclusão é que esses ovos valem cada centavo e fico satisfeita de saber que são provenientes de animais bem tratados e felizes.

Não sou de ficar fazendo campanhas radicais, mas acho que a gente pode tentar fazer escolhas mais conscientes e acabar se surpreendendo! E você, quais são as suas escolhas?

quarta-feira, 27 de março de 2013

Receita Aleatória #01


Decidi começar a brincadeira pelo livrão da Leiths, que é uma conceituada escola de culinária aqui de Londres. O livro é "Leiths, cookery bible" ou "a bíblia da culinária" em tradução livre, e ao longo das suas oitocentas e tantas páginas ele aborda técnicas de preparo, instruções para harmonização de vinhos, explicações sobre características e usos de ingrediente etc. Enfim, o bichinho é um ótimo curso onde vira e mexe aprendo uma coisa nova! Apesar das muitas páginas, poucas são dedicadas a fotos, que são agrupadas em cadernos de tempos em tempos. A maior parte das receitas é toda explicadinha só no texto e as vezes tem que ler, reler... e imaginar o resultado final. Desafiador!


A receita sorteada (e escolhida) foi a da página 515:



#01 Costeletas de Porco com Maçãs Caramelizadas

Ingredientes (porção para 4 pessoas)
4 costeletas de porco com aproximadamente 170g cada
um pouco de óleo
pimenta do reino moída na hora (se não tiver usar a já moída)
3-4 folhas frescas de sálvia, picadas, ou uma pitada de sálvia seca

para servir:
2 maçãs vermelhas
aproximadamente 2 colheres de manteiga, para fritar as maçãs
1 colher de chá de açúcar
alguns ramos de agrião

Modo de preparo:
1 - Preaqueça o grill à temperatura máxima. Por aqui os fornos geralmente tem grill, mas se você não tiver um em casa não desista, use uma frigideira anti-aderente ou uma grelha que vai funcionar também!
2 - Apare a pele das costeletas fazendo pequenos cortes através da gordura em direção a carne, cerca de 1cm de distância um do outro, para prevenir que a pele enrole durante o cozimento. Besunte com um pouco de óleo.
3 - Tempere com a pimenta e a sálvia. se quiser adicione um pouco de sal, apesar de não constar na receita.
4 - Grelhe as costeletas por 5-7 minutos de cada lado ou até que estejam cozidas totalmente. Mantenha-nas aquecidas até a hora de servir. 
5 - Descasque e retire o miolo das maçãs e corte cada uma em 4 pedaços. Derreta a manteiga em uma frigideira e quando estiver formando espuma adicione as maçãs. Salpique o açúcar sobre as maçãs e frite levemente ambos os lados até obter uma coloração marrom-dourada mas mantendo a consistência firme. O açúcar vai caramelizar dando cor e textura às maçãs. 
6 - Decore as costeletas com as maçãs e o agrião e sirva.



Minhas observações:
- Tem que ficar de olho para não cozinhar demais o porco e não ressecar, e também não fritar demais as maçãs, se não ficarão molengas!  


Receita simples, rápida e deliciosa! 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Brigadeiro de Pistache


Não me lembro exatamente onde vi essa história de brigadeiro de pistache mas com certeza foi em alguma andança pela internet. Desde então fiquei com isso na cabeça, maturando.

Quando decidi que experimentaria fazer fiquei um pouco chateada porque só encontrei pra vender o pistache torrado, salgado e dentro na casquinha. Como não estava na disposição de ficar tirando casquinha de pistache porque é chato pra caramba e nem queria que meu brigadeiro ficasse salgado deixei mais uma vez a receita de lado. Aí, um belo dia, passeando pelo mercado – sim, tem gente que passeia em shopping vendo roupas, sapatos, eletrônicos, eu passeio vendo as novidades do mercado – bem ali na área dos ingredientes doces, eis que avisto o pistache do jeitinho que eu precisava: sem esta torrado nem salgado e já sem a casquinha. Não pensei duas vezes. Já estiquei a mão no leite condensado e vim pra casa toda pimpona!

pistache sem casca
Olha, mas não achar o pistache fora da casca não é desculpa, viu? Vai dar um pouquinho mais de trabalho mas com um pouquinho de paciência é possivel tirar os bichinhos da "casinha" e usar normalmente! Também acho que o torrado não faria taaaanta diferença. Só faria um esforço pra arranjar o sem sal porque aí acho que pode dar alteração no sabor.

Hora de botar a mão na massa. O bichinho é fácil de fazer e como foi a primeira vez que fiz não posso fazer comparações, apenas observações sobre o que poderia fazer diferente. Sendo assim, vamos ao que interessa:

Ingredientes:

1 lata de leite condensado (do gordo, sem essa de light na hora do brigadeiro!)
60g aproximadamente de pistache sem a casca picadinho na faca
1 colher de sopa de manteiga

Pra fazer:

– Coloque o leite condensado e a manteiga numa panela e leve ao fogo baixo, mexendo, mexendo, mexendo... brigadeiro pra funcionar legal tem que ter paciência, não pode deixar grudar no fundo da panela! Vai mexendo até começar a encorpar. Quando chegar mais ou menos na metade do caminho adicione o pistache picado e continue mexendo, mexendo até chegar ao ponto certo.

Mas como saber o ponto? Simples, a boa e velha técnica de dar uma inclinada na panela, se a mistura soltar do fundo está no ponto. Lembrando sempre que o brigadeiro quando esfria fica mais duro do que quando está quente, então pra um brigadeiro de colher eu acho mais interessante fazer mais molinho, já pra enrolar prefiro o mais consistente.

– Depois de pronto deixe esfriar e enrole, passando no pistache picadinho para finalizar antes de colocar na forminha.


Minhas observações:

– como meu pistache picado acabou bem no meio da "enrolação" acabei ficando com preguiça de picar mais e experimentei bater no liquidificador. O resultado foi um pistache quase em pó. Não gostei do resultado do pistache fininho como acabamento do brigadeiro mas acho que ele adicionaria mais cor e sabor à massa. Portanto se eu não estiver muito enganada, minha dica é a seguinte: Para a massa use o pistache batido no liquidificador e para dar o acabamento nas bolinhas picadinho na faca, ok?

– outra coisa: como o pistache que usei não é torrado ele tem uma consistência menos crocante... talvez torrando um pouco antes de picar pra fazer as bolinhas fique melhor. Será?

Achei o resultado muito gostoso e diferente. Acho que vale dar uma variada nos sabores de vez em quando. Comecei até a imaginar outros sabores usando a mesma técnica... com nozes ou avelã deve ficar uma delícia! E será que com damasco seco bem picadinho funciona? E seria muita ousadia um brigadeiro de raiz forte japonesa? E de gengibre?

Fiquei cheia de ideias! Se alguém fizer me conte!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Sorteando receitas


Outro dia estava observando minha estante de livros de culinária e percebi que ela está crescendo. Percebi também que apesar dos livros maravilhosos que tenho em casa acabo não os explorando da melhor maneira possível. São tantas, mas tantas receitas que fica mesmo difícil ler e fazer todas. Tenho certeza que tem muito prato bom escondido dentro dessas páginas e por isso resolvi me propor um desafio: sortear receitas.

Defini que a brincadeira vai funcionar assim: pelo menos uma vez por semana vou escolher um livro e abrir em uma página aleatória. Se a página tiver mais de uma receita posso escolher a que preferir. Se a receita for muuuuuito complicada ou precisar de ingredientes raros, fica marcada pra um dia especial e sorteio de novo. São duas chances. O resultado posto aqui no blog com a receita. Combinado?

quarta-feira, 20 de março de 2013

Bolo de Fubá



Sabe aquela vontade que as vezes da de comer um bolinho com café no lanchinho da tarde? Pois esse é o bolo certo pra isso! Super rápido e fácil de fazer é uma excelente pedida. E o que mais me chamou atenção nessa receita foi a quantidade reduzida de manteiga, achei até que estivesse errado mas não...

Algumas observações: 
- Aqui em casa faço meia receita porque somos 2 e a quantidade é ideal pro bolo não ficar velho. Portanto estou postando as quantidades para essa meia receita, quem quiser fazer maior é só dobrar as quantidades.

- Uso uma forma de 20cm de diâmetro por 6cm de altura, daquelas com um furo no meio, e serve perfeitamente para a meia receita.

- Sempre meço as quantidades em gramas porque tenho uma balança boa e acho mais simples, gramas serão gramas em todo lugar do mundo e assim fica mais fácil acertar, mas também vou colocar as medidas e xícaras, colheres etc pra quem quiser seguir essa linha.

- Como por aqui é complicado encontrar fubá optei por usar polenta, daquela mais grossinha e o resultado ficou ótimo, porque a polenta além de dar o sabor acabou dando uma textura quase crocante. Também experimentei com a polenta fina, que é mais parecida com o nosso fubá e funcionou tão bem quanto. Portanto não tem mistério nessa parte.


Sem mais delongas vamos ao mais querido:


Bolo de Fubá (1/2 receita)

Ingredientes:

2 ovos separados
160g de açúcar (1 xícara)
120g de farinha de trigo (1 xícara)
60g de fubá (1/2 xícara)
18g de manteiga (1 1/2 colher de sopa)
120ml de leite (1/2 xícara)
20g de fermento em pó (2 colheres de chá)

Como fazer:

- Bater as claras em neve até ficarem bem firmes. Juntar o açúcar e continuar batendo, até fazer um merengue.

- Sem parar de bater, adicione as gemas aos poucos para não separar e logo em seguida a manteiga, o leite, a farinha de trigo e o fubá e continue batendo até tudo estar bem misturadinho.

- Misture o fermento sem bater.

- Coloque na forma untada com farinha e leve ao forno a 180ºC por 30 minutos, ou até estar totalmente cozido (a velha técnica do palitinho)

- Retire do forno e aguarde uns 5 minutinhos para desenformar.



Outras observações:
- O ideal é deixar o bolo esfriar sobre uma grade de resfriamento como essa da foto (ou qualquer outra coisa que sirva como uma grade, uma grelha, por exemplo). Mas pra que isso? você me pergunta. E eu te digo: Isso faz com que o bolo esfrie sem reter umidade, o que pode deixá-lo "empapado" na parte de baixo quando colocado quente direto em um prato. A outra vantagem é que ele esfria mais rápido, não que um bolinho quente seja um problema, né?
grade de resfriamento

- Você pode adicionar à massa um pouco de erva doce, vai muito bem com fubá. Eu adoro mas não ponho porque aqui em casa tenho oposição!

- Experimentei adaptar a receita para fazer um bolo de canela e funcionou super bem. Para a adaptação substituí a quantidade de fubá pela farinha de trigo e adicionei 1 colher de sopa de canela em pó. Ficou uma delícia. Acho que dá para inventar umas variações.


Esse bolinho já virou o queridinho aqui de casa e com certeza estaria no meu caderninho de receitas se eu tivesse um! Bem, acho que está na hora de providenciar!

Bom bolo!